VOAR, VIVER NAS ALTURAS: ALÉM DE PAIXÃO É UM DOM

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Tiago no primeiro ano da AMAN, com seus pais Félix e Soeli

Já dizia Santos Dumont, “A vida é mais bonita quando vista de cima”. Para os apaixonados pela aviação, pelos ares, essa frase é verídica. É impossível descrever a adrenalina que corre no corpo do piloto, mas é possível vive-la. De piloto de helicóptero, Comandante de Bordo à Instrutor de voo, vamos contar a trajetória de sucesso de Tiago Sausen.  Entre as mais diversas dificuldades enfrentadas, exigências profissionais, saudades de casa, solidão, nada o impediu de seguir em frente, e no final tudo valeu a pena. 

Tiago Sausen, casado com Rúbia Lutz, pai do Mateus, natural de Sarandi-RS, filho de Félix Sausen e Soeli Zanatta. Fez o ensino fundamental em Sarandi, estudou no Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA), foi aprovado em concurso da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), cursando um ano em Campinas e depois mais quatro anos na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Após a formação na AMAN serviu dois anos em Ijuí-RS no 27º Grupo de Artilharia de Campanha (27º GAC).

Em 2012, foi selecionado para o Curso de Piloto de Aeronaves (CPA) do Exército, realizado durante o ano de 2013. Após sua formação como piloto, serviu no 1º Batalhão de Aviação do Exército (1º BAvEx) em Taubaté-SP e no 3º BAvEx em Campo Grande-MS.

Realizou o aperfeiçoamento na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) no Rio de Janeiro-RJ, em 2020 e após o curso retornou para o 1º BAvEx em Taubaté, onde serve até os dias atuais.

Atualmente é capitão do Exército e Instrutor de Voo da Aeronave AS50 A2 Fennec Avex.

Colégio Militar de Porto Alegre

Em 2003, descobriu a existência do Colégio Militar através de amigos que haviam realizado o concurso de admissão, sem sucesso. Buscando um ideal de aprender a atirar e desenvolvimento físico. Imaginava que o Colégio Militar iria lhe proporcionar tais condições. Fez o concurso para filhos de civil para ingresso no 1º ano do ensino médio, sendo aprovado em concurso de 10 vagas com 622 candidatos. Como não tinha familiares em Porto Alegre, foi interno no Colégio Militar, junto com outros 14 alunos. A rotina no Colégio Militar eram aulas de 07:30 até 12:35 e um estudo obrigatório das 13:30 até as 15:30 para os internos. A limpeza do alojamento era feita pelos próprios internos. As refeições eram feitas no rancho do CMPA. Como experiência marcante dessa fase, lembra o dia em que havia no rancho para almoço um carreteiro de charque. Ao entrar no rancho já sentiu um péssimo cheiro e todos os internos evitaram o almoço, comendo miojo ou bolacha recheada. Porém no jantar, como os miojos e bolachas recheadas já haviam sido consumidos, ninguém tinha dinheiro e a fome era grande, se viram obrigados a comer o carreteiro de charque fedorento.

Em 2005 no segundo ano do ensino médio, entrou em um cursinho preparatório para prova da EsPCEx, tendo as aulas normais no período da manhã e o cursinho na parte da tarde, realizando as tarefas de ambos no período noturno. O esforço deu resultado, sendo aprovado no concurso da EsPCEx, onde haviam 470 vagas e mais de 15 mil candidatos. Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx) e Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN)

Em 2006 ingressou no Exército Brasileiro, na EsPCEx em Campinas-SP. Os dois anos de internato no CMPA ajudaram bastante na adaptação dessa nova fase.

Na EsPCEx haviam aulas de matérias do 3º ano do ensino médio no período da manhã, instrução militar e treinamento físico no período da tarde. Nesse período, aprendeu a atirar, teve os primeiros exercícios no terreno, tirou os primeiros serviços de escala e fez o juramento à Bandeira Nacional. No primeiro mês na EsPCEx descobriu que o Exército Brasileiro possuía helicópteros e teve a sorte de ser selecionado para um voo como passageiro, onde despertou seu interesse pelo helicóptero.

Em 2007, ingressou na AMAN em Resende-RJ, na formação de oficiais de carreira do Exército Brasileiro(EB). A rotina era mais puxada e o nível de cobranças na AMAN eram maiores do que na EsPCEx. O dia iniciava com alvorada 5:50 e se encerrava com pernoite 19:20. Após isso o pessoal preparava-se para o outro dia ou estudava para alguma prova e 22:00 era o toque do silêncio. Todos os cadetes eram internos durante a semana e os que não tivessem sido punidos podiam sair a rua no final de semana. A quantidade de exercícios no terreno era bastante grande.

 Em 2009, escolheu a arma de Artilharia, pois naquela época pensava em voltar para os quartéis mais próximos de Sarandi, que eram em Ijuí e Cruz Alta, ambos de Artilharia. As cobranças mudavam ao longo dos anos, diminuindo um pouco a rigidez de horários como tropa e aumentando as responsabilidades individuais. Nesse período se arrepende de não viver de forma plena o presente, pois estava sempre pensando no próximo final de semana ou na próxima volta para casa, que acontecia só nas férias ou grandes feriados. Em 2010 na escolha de Organização Militar (OM), escolheu a cidade de Ijuí-RS, com o intuito de voltar para a região de criação, onde compartilhava costumes e estar próximo dos amigos e familiares. Em dezembro de 2010 foi declarado Aspirante a Oficial, durante a cerimônia de formatura da AMAN.

Em Ijuí, no 27º GAC desempenhou durante 2 anos a função de Comandante da Linha de Fogo da 2º Bateria de Obuses. O material de emprego militar utilizado era o obuseiro 155mm M114, apelidado de dinossauro, com capacidade de lançar uma munição de 43kg até 15 km de distância.

Em Ijuí conheceu sua esposa Rúbia e no ano de 2012 inscreveu-se para a seletiva para o Curso de Piloto de Aeronaves(CPA). A seletiva constava de exames médicos e testes psicotécnicos realizados em Taubaté-SP e no mês de novembro recebeu a confirmação que estava matriculado para o CPA. Piloto de Helicóptero

 Em fevereiro de 2013 iniciou o CPA, inicialmente com uma fase teórica de 4 meses e posteriormente uma fase de voos até novembro do mesmo ano. O curso é ministrado por oficiais de carreira do Exército e o curso é realizado no Centro de Instrução da Aviação do Exército. Existia o receio do desligamento do curso, pois os voos eram avaliados. Os indicadores da aeronave eram analógicos e a aeronave não possuía piloto automático, por isso a grande dificuldade no início do curso era manter o voo pairado (manter a aeronave voando parada, estando fora do solo). Os voos do curso eram realizados na aeronave AS50, conhecido como Esquilo.

O Esquilo é uma aeronave à turbina, cujo motor pesa 127 kg e produz 777 hp. Seu peso máximo de decolagem é de 2250 kg e com uma autonomia de voo de 3h20. Sua velocidade de cruzeiro é de aproximadamente 200 km/h, ela pode transportar até seis pessoas. Dos 20 oficiais matriculados, 18 terminaram o curso, sendo um marco importante do curso o voo solo, onde somente o aluno está na aeronave e realiza o voo sozinho, sem a presença do instrutor. Ao final do curso os alunos escolhem a OM, escolheu o 1º BAvEx, situado também em Taubaté-SP.

Como piloto de helicóptero participou de diversos treinamentos do Exército, incluindo Operação Arandu em 2014 em conjunto com o Exército Argentino e Operação Core 2021 com o Exército Americano. Participou também de grandes eventos, destacando-se a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Estava presente na Força Tarefa que foi enviada ao Espírito Santo por ocasião da greve da polícia daquele estado e também participou de Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no Rio de Janeiro no ano de 2017. Em 2018 foi transferido para o 3º BAvEx em Campo Grande no Mato Grosso do Sul, onde teve a oportunidade de voar por toda a fronteira oeste, do Paraná até Rondônia. Dentre as operações realizadas nesse período destacasse a Operação Verde Brasil 2, que combateu delitos transfronteiriços e desmatamento.

Em 2020 realizou o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais e em 2021 retornou para o 1º BAvEx. Ao longo do tempo na aviação foi elevado a Comandante de Bordo e posteriormente a Instrutor de voo. Possui aproximadamente 1200 horas de voo sendo 150 horas de voo voadas com óculos de visão noturna. Sobrevoou 18 estados brasileiros e a fronteira com quatro países (Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia). Como próxima etapa, visualiza a Operação Core 2023, que ocorrerá com a participação do Exército Americano em Macapá, no estado do Pará.

Esquadrilha de Helicópteros de Reconhecimento e Ataque 2023
Tiago no helicóptero, utilizando capacete de voo
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