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quinta-feira, abril 18, 2024
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Criminoso agiu sozinho e tinha a intenção de matar um número maior de crianças, aponta relatório da Polícia Civil

Polícia Civil de Santa Catarina finalizou inquérito do ataque à creche de Blumenau

– A Polícia Civil analisou imagens, documentos eletrônicos, conversas em grupos na internet, além de ouvir testemunhas

As forças de segurança do Estado de Santa Catarina divulgaram nesta segunda-feira, 17, o resultado da investigação sobre a tragédia que vitimou quatro crianças e deixou outras cinco feridas, na creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, no dia 5 de abril. O autor dos crimes foi indiciado por quatro homicídios e cinco tentativas de homicídios.

Na coletiva de imprensa, a Polícia Civil divulgou detalhes do inquérito policial que foi remetido ao judiciário catarinense. A investigação foi realizada pela Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Blumenau em trabalho conjunto com os peritos da Polícia Científica de Santa Catarina e colaboração da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar e Secretaria da Educação do Estado.

O delegado-geral da PCSC, Ulisses Gabriel, fez um apelo à sociedade para que as pessoas não divulguem fake news e que, ao tomar conhecimento de uma informação, por meio de qualquer rede social, consultem os canais oficiais do governo. “É preciso ter cuidado com as informações que se repassa. Estamos enfrentando uma enxurrada de fake news que causam pânico na população, que já está estressada”. O delegado-geral disse ainda que a mesma força que se usa para investigar uma informação verdadeira é igualmente empregada para investigar a fake news.

Conclusão

Para a Polícia Civil, o investigado agiu sozinho e tinha a intenção de matar um número maior de crianças. O homem usou a moto para executar o plano e depois se entregou ao Batalhão da Polícia Militar de Blumenau. “Por todo o exposto, considerando todos os elementos angariados no decorrer da investigação, conclui-se que, de plena consciência da ilicitude do fato, como também de livre e espontânea vontade, o homem foi o autor do crime”, disse o delegado-geral.

Investigação

A Polícia Civil analisou imagens, documentos eletrônicos, conversas em grupos na internet, além de ouvir testemunhas. A equipe da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos – DRCI, da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), atuou na coleta de informações do aparelho telefônico do investigado. De acordo com o delegado da DIC de Blumenau, Ronnie Reis Esteves, a investigação se dividiu em duas partes: oitivas com o acusado e as testemunhas e a dinâmica do crime. O delegado contou que durante o registro do auto de prisão em flagrante em momento algum o investigado se recusou a dar informações. “No depoimento, a mãe disse que ele era uma pessoa normal até começar a usar drogas e vender drogas para sustentar o vício. Ela só se deu conta de que ele estava usando drogas quando percebeu alteração no comportamento do filho”, Esteves.

O delegado da DIC de Blumenau, Rodrigo Raitz, responsável pela definição da dinâmica do crime, disse que foi feito um levantamento de todo o trajeto do criminoso, desde o momento que ele sai de casa até se entregar no Batalhão da PMSC. “Ele saiu de casa às 8h03, foi na academia de ginástica por onde permaneceu por 23 minutos, percorreu diversas ruas até chegar à creche, pulou o muro e em 20 segundos matou quatro crianças e feriu outras cinco. Depois disso ele pegou a moto e se entregou ao Batalhão da PM.

Por meio de relatório de análise de extração de dados, observou-se que o investigado pesquisava na internet sobre ocultismos, seitas e magias. Após analisar as pesquisas feitas em navegadores de internet, a Polícia Civil comprovou que, no dia 15 de março, ou seja, 21 dias antes do ocorrido, o investigado procurou por modelos de machados.

A psicóloga Policial Civil Larissa Canali disse que no decorrer das investigações não apareceu nenhum diagnóstico oficial de que o criminoso tenha algum transtorno mental. “O histórico é de surtos possivelmente psicóticos, talvez potencializados pelo uso de drogas”, comentou.

Perícia

A perita-geral da Polícia Científica, Andressa Boer Fronza, relatou que desde o primeiro momento a PCI mobilizou suas equipes para atender a ocorrência com a maior celeridade possível para subsidiar o inquérito policial e dar agilidade à investigação.

Andressa Fronza destaca ainda o trabalho pericial realizado no celular apreendido do criminoso, do qual foram extraídos até mesmo os dados já apagados para análise e investigação.

“Além da Superintendência Regional de Polícia Científica em Blumenau, mobilizamos equipes de outras regiões para garantir a celeridade que o caso exigia. A maior parte dos laudos periciais solicitados foram emitidos no mesmo dia ou em no máximo 24 horas. Nesse momento, os mais de 20 laudos periciais requisitados já foram entregues à Polícia Civil”, informou.

Perguntado sobre o resultado do exame toxicológico do autor dos homicídios, o superintendente regional da PCI em Blumenau, perito criminal Tiago Luchetta, revela que foi identificado a presença de cocaína, álcool e seus metabólitos. No entanto, Luchetta alerta que o laudo toxicológico é mais complexo que apenas um sim ou não.

“O laudo toxicológico, assim como a maioria dos laudos periciais, precisa ser interpretado de forma conjunta com os demais elementos de prova. Podemos dizer que o criminoso era usuário de drogas, mas ainda não podemos afirmar que ele estava sob efeito de entorpecentes naquele momento. São fatos que ainda serão apurados”, explica Luchetta.

Providências do Estado

O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, que esteve em Blumenau logo após a ocorrência, determinou celeridade máxima nas investigações. “Empregamos todos os nossos esforços para concluir o mais brevemente possível as circunstâncias da tragédia que abalou Santa Catarina e o Brasil. Agora esperamos que a Justiça faça sua parte para ao menos amenizar os impactos que o episódio deixou nas famílias”, disse.

O sub-comandante-geral da PMSC, coronel Alessandro José Machado, enfatizou que a Polícia Militar está atuando fortemente na Prevenção Escolar e desenvolve ações permanentes para evitar desordens e crimes nas escolas. “Com o programa Rede de Segurança Escolar a PMSC está presente em mais de duas mil escolas, onde policiais militares efetuam policiamento de forma programada dentro e fora do ambiente escolar. Na última semana as ações de prevenção em colégios foram intensificadas. As escolas de todo o estado estão recebendo policiamento”, assinalou.

Para prevenir as práticas de terrorismo doméstico com múltiplas vítimas, com o de Blumenau, a PMSC irá difundir as novas técnicas de prevenção. A técnica consiste em treinar os professores e funcionários para se defenderem de possíveis ações criminosas. Segue doutrina internacional e, no país, é consolidado pela lei antiterrorismo 13.260/2016. Na cidade de Blumenau mais de 400 professores já foram treinados.

Policiais de todo o Estado serão capacitados para serem multiplicadores do processo nas escolas. O treinamento consiste em orientar as vítimas em potencial a defenderem-se quando de um ataque de um agente invasor. Além disso, através do Projeto Minha Escola a PMSC aumenta o efetivo para a segurança das escolas estaduais, utilizando policiais que trabalham em serviço administrativo em rondas escolares.

O subcomandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar, coronel Renaldo Onofre Laureano Junior, disse que a instituição está trabalhando na capacitação online e presencial de professores. “O Corpo de Bombeiros está empregando todo o efetivo disponível em ações preventivas a fim de garantir tranquilidade para pais, professores, alunos e comunidade em geral”.

A secretária adjunta de Estado da Educação, Patrícia Lueders, assinalou que é fundamental reforçar a cultura da paz nas unidades educacionais. “Estamos trabalhando na consequência, mas é preciso trabalhar na causa, trazer a família para dentro da escola e fazer um trabalho intersetorial. A escola é um espaço seguro”, assinalou.

Foto: Governo de SC

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