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terça-feira, março 26, 2024
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Elas na Estrada

“MUITAS PESSOAS SEXUALIZAM A MULHER SÓ POR SER MULHER”

Fabiula Trevisan, 32 anos, moradora de Iporã do Oeste, é caminhoneira desde junho de 2021. A motorista relata que escolheu a profissão por estar muito ligada e familiarizada com ela. “A profissão de motorista está presente na minha vida desde criança, uma vez que meu pai também é motorista. Sempre quando tínhamos a oportunidade, eu, meus irmãos e minha mãe entravamos na boleia do caminhão e viajávamos junto com ele. Desde aquela época eu já adorava viajar”.

A caminhoneira explica que ingressar na profissão foi desafiador. “No início foi difícil, pois tenho dois filhos, o Julian de 8 anos e o Théo de 6 anos. Então não preciso nem dizer que a saudade sempre é grande, mas como eles ficam aos cuidados da minha mãe, eu posso viajar mais tranquila porque sei que estão bem e sendo bem cuidados. Sem minha mãe eu não conseguiria seguir nessa profissão”.

Sobre o preconceito, a profissional afirma que a dificuldade de ser mulher motorista de caminhão/carreta por muitas vezes é pelo fato de “muitas pessoas sexualizam a mulher só por ser mulher, e isso é tanto da parte dos homens quanto de uma boa parcela das outras mulheres”.

Fabiula explica que os desafios da estrada são os mesmos para homens e mulheres dentro da profissão. “Eu admiro muito todos os profissionais da estrada. É preciso ter coragem e ser forte para aguentar a saudade de ficar longe da família e das pessoas queridas. O lado bonito da profissão é que em cada viagem conhecemos pessoas diferentes, fazemos amizades que levamos para a vida toda. Essas são algumas das melhores partes da profissão. Um colega um dia me falou que a nossa família são os amigos que fazemos na estrada, e ele tem razão”.

A caminhoneira trabalhou por 10 meses no container e atualmente faz a rota Mercosul, que compreende Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Chile. “Está sendo uma experiência incrível. Tenho muito que aprender ainda e muitos lugares para conhecer. Uma das dificuldades de fazer Mercosul é passar pela neve. Cada viagem é uma experiência diferente e, sem dúvidas, a maior dificuldade é ficar muito tempo longe de casa, uma vez que cada viagem leva em média 20 a 30 dias. Mas mesmo nas horas mais difíceis, em nenhum momento pensei em desistir, pois trabalhar com caminhão é um sonho realizado. Como passamos a maior parte da nossa vida trabalhando, nada melhor que fazer o que a gente realmente gosta, não é mesmo? Nessa profissão, a cada dia, a cada viagem podemos passar por desafios diferentes. Cada viagem é sempre um caixinha de surpresas, pois pode ser uma viagem tranquila ou pode acontecer algo inesperado, independente da experiência do motorista”.

“Se eu me sinto realizada nessa profissão? Quem me conhece sabe o quanto eu amo tudo isso. Enquanto Deus permitir, me der força e coragem, eu não vou desistir. E desejo coragem e determinação aos demais motoristas e amigos colonos. Feliz Dia a todos os Colonos e Motoristas”, finaliza.

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